Nem todas as mulheres com câncer de mama passam por quimioterapia; e mesmo as que precisam dela, podem receber medicações diferentes dependendo do tipo de tumor de mama
Segundo uma reportagem de Lilian Ribeiro para o Jornal Nacional, há um avanço nos tratamentos, além de histórias de mulheres que vivem bem apesar da doença.
A Mônica não queria ver. “Eu senti que estava uma alteração na minha mama esquerda, eu falei ‘tem alguma coisa errada’”, conta Monica Pereira Santana, técnica de enfermagem.
Não queria se ver. “Eu não me percebia muito, não me olhava muito no espelho, quando eu senti eu fiquei um pouco nervosa. Falei: toco ou não toco?”
Vale dizer que campanhas como o Outubro Rosa são essenciais para a conscientização e conhecimento para que mulheres tenham o pleno acesso ao tratamento, afirma a enfermeira do SUS, Nathalia Belletato.
Segundo a psicóloga Márcia Costa:
“O medo do diagnóstico de câncer eu diria que é o medo do sofrimento. Medo de morrer? Talvez, mas eu acho que é o processo. E isso assusta as pessoas, por isso esse estigma. ‘Nossa, estou com câncer, vou morrer’.”
Mulheres com câncer de mama
Além disso, há uma palavra que ainda assusta muita gente: quimioterapia. No entanto, o que nem todo mundo sabe é que ela não é necessária para todas as mulheres com câncer de mama. E mesmo as que precisam dela podem receber medicações diferentes dependendo do tipo de tumor de mama.
Segundo José Bines, oncologista e pesquisador do Inca:
“Os efeitos colaterais eles vão variar também de acordo com o tipo de quimioterapia. Muita gente não sabe, mas tem quimioterapia na forma de comprimido também e tem muitas quimioterapias que são venosas como um soro. Algumas quimioterapias causam enjoo, outras não causam.”
Tradicionalmente, a quimioterapia age de modo mais genérico. É como se, ao abordar a célula, ela fizesse a seguinte pergunta: você se multiplica rápido? E, quando a resposta é sim, a quimio ataca aquela célula. Porém, por ter esse mecanismo de ação ela também pode acabar atingindo outros tecidos que tem essa mesma característica, como, por exemplo, as células do couro cabeludo. E aí podem surgir efeitos colaterais – como a queda de cabelo.
Pesquisas
Por outro lado, as pesquisas vêm evoluindo cada vez mais. Atualmente, já existem remédios que fazem perguntas mais certeiras. Eles são capazes de reconhecer e atacar a célula do câncer sem agredir ou, ao menos, agredindo menos o restante do corpo.
Contudo, não são todas as pacientes que têm acesso a essas tecnologias.
“Felizmente, o câncer de mama e curável para grande maioria das mulheres. Mas quais são essas mulheres? São as mulheres que, número um, têm o diagnóstico precoce; que, número dois, não têm atraso entre o diagnóstico e o começo do tratamento; que, número três, têm acesso a todos os tratamentos necessários, que variam de caso a caso, para que o câncer seja completamente erradicado e curado”, explica Fernando Maluf, oncologista e fundador do Instituto Vencer o Câncer.
Mudar o estilo de vida
Foi a partir da experiência do câncer de mama que a Maria Thereza, que hoje está curada, mudou o estilo de vida. Ela começou a abandonar o sedentarismo ainda durante a quimio.
“O médico falou que eu não tinha esse direito de ficar prostrada. Aí eu comecei a caminhar em volta da mesa da sala. Bem devagar, aí eu comecei a ir para o corredor, ai eu queria descer, mas dava tonteira, aí eu voltava. Até chegar um tempo de ele chegar e falar: agora você desce, fica 15 minutos lá embaixo”, conta Maria Thereza Santos Rodrigues Pereira, dona de casa.
“Os 15 minutos viraram corridas de 5, 10 quilômetros… São Silvestre, meia maratona.”
“Você não pode ficar assim: ‘Ah, estou com câncer, não vou fazer isso, não vou fazer aquilo, não vai dar certo’. Você tem que falar: ‘Não, vai dar certo’. Mesmo com medo, faça. Mesmo com medo, vá. O diagnóstico não é destino”, conta Maria Thereza.
Paciente metastática
Já a Jussara convive com o câncer há 16 anos. É uma paciente metastática.
“Eu tive metástase nos pulmões, metástases ósseas, metástase cerebral e, agora, metástase no fígado”, conta Jussara Del Moral, funcionária pública.
Por fim, a mastologista Fernanda Maria Marinho disse que, antigamente, isso era considerado como um critério de que a pessoa ia viver poucos anos. Porém, hoje em dia, é possível que essas mulheres tenham uma vida plena por muitos anos, com controle da doença e com qualidade de vida, afirma.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/bela-jovem-loira-segurando-fita-de-cancer-rosa-gritando-orgulhoso-comemorando-a-vitoria-e-o-sucesso-muito-animado-com-o-braco-erguido_42265004