Número de aparelhos de mamografia no Brasil hoje é 6.334; ampliação do acesso a um dos principais métodos de rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de mama necessita, entre outros fatores, de melhoria de infraestrutura de saúde pública
A mamografia é um dos principais métodos para rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de mama. Essa mensagem ganha força na próxima segunda-feira, 5 de fevereiro, data marcada pelo Dia Nacional da Mamografia.
Aparelhos de mamografia no Brasil
Apesar do destaque no calendário, o número de aparelhos de mamografia no Brasil ainda é insuficiente. Hoje são 6.334 aparelhos. Apesar de o número ser considerado suficiente para atender a população-alvo, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza somente 30% do rastreamento.
Além disso, o acesso à mamografia, em muitas cidades brasileiras, ainda é limitado, seja pela falta de centros de saúde equipados, longas filas de espera ou custos associados ao exame.
Já a enfermeira do SUS, Nathalia Belletato chama a atenção do quão importante é a campanha Outubro Rosa para a conscientização do exame de mamografia e ultrassom das mamas, fazendo a diferença na vida de muitas mulheres.
Desafio para governos e gestores
Por sua vez, a mastologista Maria Julia Calas, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) – Regional Rio de Janeiro, diz que em um país com regiões tão heterogêneas de desenvolvimento, disponibilizar a mamografia à população-alvo é um desafio para governos e gestores.
Para Maria Julia Calas, no enfrentamento dos desafios associados ao rastreamento nacional de câncer de mama, além da melhoria da infraestrutura de saúde, há a necessidade de ampliar o acesso, a conscientização e a educação da população.
“Essas ações devem ser integradas a políticas de saúde pública, para que o Brasil alcance resultados mais eficazes e equitativos”, destaca.
Falta de conhecimento
Em algumas comunidades, observa a médica, mesmo com as ações da campanha Outubro Rosa, a falta de conhecimento da população sobre a detecção precoce do câncer de mama pode resultar em atrasos nos exames e diagnósticos.
“Não mais se questiona o fato de o câncer de mama ser o mais frequente entre as mulheres brasileiras”, diz.
Casos de câncer de mama
Como efeito da cobertura mamográfica inadequada, os casos de câncer de mama em estágio avançado foram 43,16% (2018-2019) e 52,04% (2020-2021) no SUS; 30,5% (2018-2019) e 36,4% (2020-2021) na saúde suplementar, que inclui os planos de saúde.
Desde a biópsia até o primeiro tratamento, observam-se diferenças entre o SUS e a saúde suplementar.
Em até 30 dias, os atendimentos representaram 21,1% no SUS e 45,4% no sistema privado.
Entre 30 e 60 dias, o SUS registra 34%; a saúde suplementar, 40%.
Acima de 60 dias, foram 44,9% no SUS e 14,6% no sistema privado.
Lei nº 12.732
Sendo assim, a SBM considera fundamental a aplicação da Lei nº 12.732 de 2012, que determina o início do tratamento no prazo máximo de dois meses.
Por ano, no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 73.610 novos casos de câncer de mama. “É preocupante constatar que esse número é ainda maior, pois nem todas as mulheres receberam o diagnóstico, por não realizarem exames de rotina, e aqui destacamos a mamografia. Assim, a SBM se mantém firme na defesa da qualidade assistencial e da maior efetividade no enfrentamento ao câncer de mama”, frisa a mastologista Maria Julia Calas.
*Foto: Reprodução/https://br.freepik.com/fotos-gratis/enfermeira-sorridente-adulta-media-tomando-raio-x-de-um-paciente-na-clinica_25566826.htm#query=aparelho%20de%20mamografia&position=1&from_view=search&track=ais&uuid=6a94c9d9-7c7e-42eb-a8d6-1c30b7002159