Caixa da Oi, segundo CEO da empresa, após receber US$ 200 milhões de financiamento Dip em junho, operadora espera novo aporte no ano que vem
Com baixa cobertura de analistas, as teleconferências de resultados da Oi (OIBR3;OIBR4), em recuperação judicial, tem sido marcada por perguntas de investidores, especialmente pessoa física. Na apresentação dos resultados do segundo trimestre da companhia, ficou clara uma preocupação dos acionistas: até quando o caixa da companhia suportaria o período de recuperação judicial?
De acordo com Rodrigo Abreu, CEO da Oi, “o plano inclui uma série de passos para que, obviamente, exista um perfil de caixa que permita a companhia operar adequadamente até que todo esse processo seja concluído, com ingresso de dinheiro novo”.
Vale lembrar que, recentemente, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro homologou o acordo de venda de sucata da Oi para a empresa V.tal. Com a decisão o grupo RK Partners, do CEO Ricardo K. e o banco Itaú foram derrotados.
Contudo, o plano divulgado no início deste ano está pendente de revisões em função de negociações com credores. No caso, o executivo cita o modelo de financiamento específico para empresas em recuperação judicial. E ainda complementou:
“Ele prevê alguns passos que estão sendo cumpridos, como por exemplo, o foco muito grande na redução de custos e um acordo com credores que permitisse a entrada de um DIP.”
DIP financing
Sendo assim, no DIP financing, o credor passa na frente dos demais na fila para receber o valor devolvido. Em junho, a Oi recebeu US$ 200 milhões dos credores por meio dessa modalidade. Foi a primeira parcela de um financiamento acordado no último mês de abril.
Por sua vez, no resultado do segundo trimestre, divulgado no dia 11, a administração destacou que o recebimento da primeira tranche reforçou a posição de caixa da companhia, de R$ 2,6 bilhões, alta de 41% em bases anuais.
Abreu diz ainda que a partir dessa entrada se discute então as condições para entrada de dinheiro novo na companhia. “A nossa previsão é que todo o perfil de caixa seja suficiente para levar a companhia até entrada desse dinheiro novo, até metade do ano que vem”.
Caixa da Oi
Segundo o executivo, o plano é que esses recursos cheguem à companhia entre o final do primeiro trimestre do ano que vem e início do segundo para abastecer ainda mais o Caixa da Oi.
“O plano prevê a entrada de um aporte que garanta a cobertura do consumo operacional enquanto a companhia não gera caixa livre, mas quanto menos dinheiro novo for necessário para a companhia, melhor. Então temos foco muito grande em redução de consumo mais do que qualquer outra coisa nesse momento”, disse Abreu.
Prejuízo da Oi no segundo trimestre de 2023
A Oi operadora em recuperação judicial, reportou prejuízo líquido de R$ 845 milhões no segundo trimestre de 2023. O saldo negativo é 69,9% maior que o registrado um ano antes. Entretanto, a operadora conseguiu reduzir em 33,4% o prejuízo registrado no primeiro trimestre.
Já a receita líquida da empresa no período foi de R$ 2,434 bilhões, queda de 11,2% em relação ao segundo trimestre de 2022. Também houve redução de 2,8% em relação aos três primeiros meses do ano.
Tal desempenho foi resultado da queda de 50,3%, receita dos serviços legados, para R$250 milhões, que superou a expansão dos serviços core, como a Oi Fibra a Oi Soluções.
Em contrapartida, as receitas da Oi Fibra cresceram 15,3% na comparação anual, para R$ 1,1 bilhão e as da Oi Soluções avançaram 2,8%, para R$ 705 milhões. Com isso, o faturamento consolidado da chamada Nova Oi, que exclui o legado, cresceu 10,5%, para R$ 2,168 bilhões.
Na teleconferência dos resultados, Abreu disse também que a tendência da fibra é entrar em fase mais madura de crescimento, de forma saudável e rentável.
“A gente vê um mercado que se aqueceu muito inicialmente, levou a um nível de crescimento bastante alto. E a Oi talvez tenha sido a que mais se beneficiou desse crescimento, capturando espaço e market share. Não a toa, somos o segundo maior player de fibra do país.”
Crescimento reduzido
Contudo, Abreu admite que esse crescimento foi diminuído em razão do aumento de competitividade e de um ambiente macro “que demorou um pouquinho mais de tempo para reagir”, causando impacto em capacidade de consumo e novas aquisições, assim como em inadimplência e churn (cancelamentos).
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-de-alto-angulo-segurando-smartphone_38689792