Negócios de impacto no Norte e Nordeste levantou R$ 3,2 milhões por meio do Zunne, programa de investimentos em impacto positivo
O Zunne, programa de investimentos em impacto positivo, levantou R$ 3,2 milhões em sua primeira rodada de captação, encerrada no último mês de novembro, para financiar 13 negócios sociais. O programa foi criado para apoiar e impulsionar negócios cujos produtos ou serviços resolvem problemas sociais e ambientais no Norte e Nordeste do Brasil, ou nos biomas da Amazônia e Caatinga, com prioridade para negócios liderados por mulheres e/ou pessoas pretas e indígenas.
Fomento
A proposta do programa de fomentar uma nova rota de investimentos que não gire apenas em torno do Sudeste e democratize não só o acesso aos recursos – no caso dos negócios investidos – mas que gere a oportunidade de mais pessoas tornarem-se investidoras, considerando valores acessíveis para iniciar o investimento – atraiu olhares e recursos de 167 investidores. Destes, 92 investiram até R$ 3 mil no programa através da plataforma de empréstimo coletivo Trê-Mova.
Programa Zunne
Além disso, o Programa Zunne utiliza uma abordagem inovadora chamada de Blended Finance (finanças híbridas), quando une-se capital filantrópico e investimento privado. Desse modo, o Zunne contou com R$ 1,5 milhão de capital catalítico (doações) que possibilitaram sustentar a estrutura do programa oferecendo apoio técnico/mentoria aos negócios e a criação de um fundo garantidor de inadimplência próprio do programa.
Nesta primeira rodada de investimento, concluída no mês de novembro, o Zunne mobilizou R$ 4,7 M de capital entre doações de apoio à estrutura do programa e financiamento dos negócios sociais investidos. Para isso, o Programa utilizou uma plataforma de empréstimo coletivo – a Trê MOVA – que permite a vários investidores alocarem recursos diretamente nos negócios que mais se identificarem. Os segmentos e causas dos negócios são muito variados: Moda consciente, turismo sustentável, reformas habitacionais, educação, alimentação orgânica, etc.
“Fechar a primeira rodada de investimento do Zunne para negócios de impacto no Norte e Nordeste é um marco. Estamos mostrando a potência dessas regiões e que, com oportunidade, podemos transformar os desafios sociais em negócios que transformam vidas”, afirma Ticiana Rolim, presidente da Somos Um e uma das idealizadoras do Programa.
“Demos o primeiro passo do Programa Zunne, engajando 167 investidores com causa que emprestaram, em condições acessíveis, R$ 3,2 milhão para 13 negócios de impacto socioambiental. São 167 pessoas vivendo sua primeira experiência de cidadão investidor – busca retorno financeiro no seu investimento ao mesmo tempo que gera impacto positivo visando o bem comum”, explica Marcos Pedote, co-fundador e diretor executivo da Trê Investindo com Causa.
Como nasceu o programa
O programa nasceu a partir da percepção que a Somos Um, a Yunus Negócios Sociais e a Trê Investindo com Causa, três organizações de impacto socioambiental positivo, tiveram de ver o Norte e o Nordeste como grandes pólos empreendedores, mesmo sendo as regiões mais pobres do País, e da falta de instrumentos para viabilizar que o dinheiro dos investidores chegue até essas regiões.
Segundo o 3º Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental, estudo realizado pela Pipe.Social, apesar de haver uma equidade de gênero (mulheres estão presentes em 67% dos negócios mapeados e os homens, em 71%), negócios administrados apenas por um time feminino tendem a receber menos recursos financeiros e outros apoios para evoluir na jornada, quando comparados a negócios liderados apenas por um time masculino. Com isso, elas estão menos presentes entre os negócios em fase de escala (25% contra 35%) e são menos aceleradas (20% conseguiram esse apoio contra 32% dos negócios liderados apenas por homens). Quando as empreendedoras são mulheres negras e indígenas esse desafio se torna ainda pior.
“O Zunne é um instrumento criado pelas nossas três organizações para viabilizar que o dinheiro chegue no Norte e Nordeste. Justamente para democratizar o acesso aos recursos de investimento, trazer oportunidades para as empreendedoras nortistas e nordestinas. Vamos apoiá-las com mentorias e investimento para que possam prosperar tanto quanto outras regiões e para aquelas que historicamente têm mais dificuldades, possam garantir acesso aos recursos”, explica Ticiana Rolim.
Por fim, os dados do Programa Zunne em relação à liderança dos negócios reforçam o apoio à diversidade. Entre os selecionados, 77% têm mulheres na liderança e o mesmo indicador (77%) se refere à quantidade de negócios que são da região Nordeste, seguido por 15% do Norte e 8% do Sudeste.
Os 13 negócios escolhidos pelo Zunne que já receberam recursos por meio da Plataforma Trê-Mova de empréstimo coletivo são:
- Catarina Mina (Moda consciente – possui liderança feminina – Ceará);
- Giardinno Buffet (Trabalho digno – possui liderança feminina – Ceará);
- Muda Meu Mund0 (Marketplace B2B – alimentação orgânica);
- Na’kau (Trabalho digno – alimentação orgânica – Amazonas);
- Oikos (Moradia digna – Ceará);
- Poranduba Amazônia (Turismo sustentável – Amazonas);
- Refazenda (Moda consciente – possui liderança feminina – Pernambuco);
- Roma Negra (Espaço cultural – possui liderança negra – Bahia);
- SDW (Sanemento básico – Bahia);
- Sucré (Empregabilidade feminina – Ceará);
- Um grau e meio (Conservação ambiental – São Paulo);
- Yantec (Educação e tecnologia – Alagoas).
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/jovens-colaborando-em-encontro_12162834