Rios no Nordeste contam com ferramenta tecnológica inovadora que despolui água de riacho com mais de sete mil plantas aquáticas; projeto piloto pode ser replicado em outras cidades, e começou por Recife
A comunidade de Iputinga, no Recife, vai inaugurar em 31 de março os Jardins Filtrantes. Trata-se de uma instalação que tem a missão de despoluir o Riacho do Cavouco, afluente do rio Capibaribe. O projeto piloto é grandioso e usa a fitorremediação, tecnologia que utiliza plantas para filtrar e limpar a água. A obra pernambucana possui 7 mil m2 de área e recebeu em torno de R$ 7 milhões em investimentos. Realizada sob responsabilidade da Agência Recife para Inovação e Estratégia, a iniciativa integra uma série de propostas do CITinova, programa multilateral do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Rios no Nordeste – como despoluir?
O projeto para a despoluição de rios no Nordeste, no caso do Recife, já conta, com jardins floridos no Parque do Caiara e já estão em funcionamento: 350 mil litros de água passam pelo sistema de filtragem por dia. Além disso, o local conta com 7,5 mil mudas de macrófitas aquáticas que “trabalham” na despoluição sugando efluentes de esgoto.
Segundo a diretora Mariana Pontes, as raízes das plantas se alimentam do que de ruim na água. Além disso, a purificação ocorre de modo natural, orgânico e sem aditivos químicos, comenta:
“Chegamos a 96% de limpeza e isso se nota a olho nu”.
Há outros testes para aferir o nível da purificação que estão em andamento, porém, o microclima da região já mudou, destaca o engenheiro Renato Martiniano.
“A ideia é mostrar que podemos tornar a cidade resiliente ambientalmente com parques próximos a corpos hídricos que captam e tratam as águas.”
Execução do projeto
A obra foi projetada pela empresa Phytorestore, que atuou na despoluição do rio Sena, em Paris. De acordo com Lilian Hengleng, diretora comercial da companhia:
“O jardim é uma grande barreira verde contra a poluição. O esgoto é tratado em apenas doze horas. Que isso sirva para inspirar outros municípios.”
Vale destacar que o processo de despoluir o riacho, cuja área era ocupada por um depósito de lixo irregular, é mais do que um avanço da bioengenharia. Um exemplo disso é o estado de Pernambuco. Mas, o projeto pode ser replicado no restante do Brasil e se tornar um alento contra as carências do saneamento básico. As informações estarão na plataforma Observatório de Inovação para Cidades Sustentáveis.
Catálogo de soluções
Já para o Fábio Larotonda, secretário substituto da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI:
“É um catálogo de soluções. O intuito é contribuir para que os gestores tenham acesso a esse conhecimento e considerem aplicá-lo no planejamento urbano. A fitorremediação é uma alternativa que complementa o saneamento.”
Por fim, a população de Recife ganha um novo local de lazer onde as plantas não serão apenas belas, mas úteis.
*Foto: Reprodução/Flickr (Silene Andrade)