Greve no Reino Unido volta a ocorrer após uma primeira parada histórica em dezembro passado
Na quarta-feira (18), profissionais de enfermagem voltaram a fazer greve, depois de uma primeira parada histórica em dezembro passado. As paralisações são por melhores salários e condições de trabalho.
Greve no Reino Unido
Além disso, o sistema de saúde pública do país (NHS) está sobrecarregado por falta de pessoal. O Reino Unido vem sendo atingido há meses por greves em diversos setores.
Entretanto, o protesto dos enfermeiros é o que conta com o maior apoio popular no país. É o que revela uma pesquisa do instituto Ipsos para a agência de notícias britânica PA: 82% dos entrevistados simpatizam com esses profissionais.
Eles eram aplaudidos semanalmente durante a pandemia de Covid-19 e 57% dos entrevistados culpam o governo pela atual situação, acrescentou Anna Swift, uma das grevistas, em declaração em um hospital de Londres, para o canal Sky News:
“Estamos com falta de pessoal e não se trata apenas do salário. É hora de agir para dizer que precisamos de melhores salários e melhores condições, no final das contas é sobre a segurança dos nossos pacientes.”
Sindicato
Já o sindicato da categoria, Royal College of Nursing (RCN), estima que haja 47 mil cargos de enfermagem não preenchidos na Inglaterra. Uma das explicações seria a “má remuneração”. Uma realidade que tem pressionado e estressado os funcionários, já sobrecarregados.
Rotina de espera
Hoje, mais de 7 milhões de pessoas aguardam tratamento no Reino Unido, um recorde. Conseguir uma consulta com um médico, agendar uma cirurgia ou ir ao pronto-socorro se tornou um pesadelo para muitos britânicos, que estão vendo o seu sistema público de saúde quase quebrar.
Vale lembrar que em 23 de novembro, o menino Yusuf Mahmud Nazir, de 5 anos de idade, que vivia com a família na região de Sheffield (norte da Inglaterra), morreu de pneumonia. O óbito ocorreu após a criança ser liberada do hospital, depois de ter esperado várias horas para ser atendido.
De acordo com a família, eles foram informados de que “não havia leitos disponíveis”.
Tragédia
Sendo assim, a tragédia abalou o país e estampou a primeira página dos jornais britânicos, e que também repercutiu no mundo todo. E isso a atenção para a crise que afeta o sistema público de saúde há muito tempo.
Criado em 1948, o NHS que já foi motivo de orgulho para os britânicos, está em crise há vários anos e tem financiamento insuficiente.
O papel da mídia
Contudo, a mídia britânica vem relatando histórias dramáticas vividas por dezenas de famílias que precisam do serviço.
O jornal Daily Mail contou que Lesley Weekley, 73 anos, moradora de Barry no País de Gales, tentou em vão por quase duas horas conseguir uma ambulância para buscar o seu marido, que morreu em casa de um ataque cardíaco.
“É uma mãe que está tendo um infarto e não está sendo atendida porque não tem ambulância para ir até a casa dela. É um pai que não fez a operação do câncer porque não há leito disponível para cuidados pós-operatórios.”
Inflação
Os enfermeiros britânicos exigem que os salários acompanhem a inflação, que chegou a 10,5% em dezembro, uma pequena queda em relação aos 10,7% do mês anterior. O RCN denuncia ainda que os salários caíram 20% em termos reais desde 2010, devido a vários anos de reposições abaixo da inflação.
Brexit
Outra questão a resolver é em relação às enfermeiras e enfermeiros europeus, liderados pelos espanhóis, que deixaram o Reino Unido após o Brexit. A saída do Reino Unido da União Europeia pôs fim ao sistema que permitia a esses profissionais reconhecerem a experiência britânica em seus países de origem.
Por fim, novas greves dos enfermeiros estão previstas para os dias 6 e 7 de fevereiro no Reino Unido.
*Foto: Reprodução