O médico especialista em cirurgia do aparelho digestivo, Gustavo Menelau explica que a diarreia é o aumento do número e volume das fezes. Elas podem estar em “estado líquido ou pastoso, associado ou não a outros sintomas como: cólicas, náuseas, vômitos e febre”.
Ele diz também que a diarreia é um sintoma que alerta que algo não anda bem no organismo. Isso porque duas ou mais evacuações líquidas por dia já é considerada diarreia. Além disso, pode ocorrer com qualquer pessoa, independente da idade. Neste caso, as crianças e idosos são os mais acometidos pela doença. E ela é uma das mais importantes causas de mortalidade em todo o mundo.
Cresce o número de casos de diarreia no Acre
Sendo assim, os casos da doença vêm crescendo no país. Prova disso é que na segunda quinzena de junho foi marcada por mais de 13,3 mil casos de diarreia em quase seis meses, aponta Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre). Os dados são do Núcleo das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (NDTHA). Notificações se referem ao período de janeiro até 18 de junho. Sendo assim, o número cresceu em relação a 2021, quando foram confirmados 9.046 casos.
Segundo o levantamento, cinco cidades estão acima do limite superior de casos, que utiliza dados da série histórica dos últimos dez anos. Débora dos Santos Gonçalves, chefe do Núcleo das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (NDTHA)explica:
“Do ano passado para cá foram reativados alguns serviços da vigilância da água. Existe um setor dentro da Vigilância de Saúde chamado de Vigiágua e os municípios mandam essa coleta de água para o Lacen fazer a análise para a gente entender se aquela água não está boa para consumo humano.”
Portanto, o aumento em um ano foi de mais de 4,3 mil casos notificados.
As cidades que estão acima do limite de casos são:
- Acrelândia;
- Manoel Urbano;
- Sena Madureira;
- Senador Guiomard;
- Tarauacá.
Do total de casos notificados este ano, o estudo indica que 1.278 casos foram em crianças de 1 ano, 3.702 em crianças de 1 ano a 4 anos, 1.562 em crianças de 5 a 9 anos e em crianças de 10 anos .6775.
Investigações
Débora dos Santos Gonçalves destaca que nesta época do ano ocorre um período de escassez de água em algumas cidades. Portanto, a população é orientada a reforçar os cuidados com a água consumida.
Orientação da secretaria de Saúde
Como uma das ações de combate e prevenção, as equipes da Saúde estadual estão indo às cidades para orientar e pedir aos servidores dos hospitais que coletem as amostras para análise.
“A gente não consegue com que essa pessoa passe material suficiente para realizar uma análise. Temos o material para fazer a coleta, estamos preparados para dar o resultado, para mandar para fora e fazer a investigação, mas o problema é que a gente não consegue com que o paciente traga o material para a gente investigar.”
Além disso, a diarreia é a doença mais transmitida por água contaminada na época de cheia dos rios. E foi o que ocorreu nas últimas semanas em Manaus (AM).
Doença Diarreica Aguda
Na medicina, a diarreia é mais conhecida como Doença Diarreica Aguda, e está entre as doenças com maior notificação entre as transmitidas por água a partir da cheia dos rios, confirma a Vigilância em Saúde do Amazonas.
Segundo dados da Vigilância em Saúde de Manaus, apenas em 2022, de janeiro até maio, foram registrados 81.190 casos na região. Desse total de casos, 42% (34.492) são de notificações feitas pela própria vigilância.
No ano passado, também de janeiro a maio, foram registrados 52.350 casos de diarreia no Amazonas. Já em todo o ano de 2021, foram 169.456 notificações no estado.
Além disso, os dados foram reunidos pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas), e não representam números absolutos, uma vez que corresponde a monitoramento sentinela, feito a partir de unidades de saúde pediátricas no estado.
Contudo, a Doença Diarreica Aguda equivale a um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais que, a depender do agente causador e de características individuais dos pacientes, pode evoluir clinicamente para quadros de desidratação que variam de leve a grave. São caracterizadas pela ocorrência de, no mínimo, três episódios de diarreia aguda em 24 horas.
Sobre isso, Gustavo Menelau acrescenta que as diarreias são classificadas em relação ao tempo de sintomas em aguda, persistente e crônica:
- Agudas – são os quadros que duram no máximo ate 14 dias
- Persistentes – que duram de 14 a 28 dias
- Crônicas – acima de 28 dias
Além disso, são classificadas quanto aos sintomas em “leve, moderada ou grave, conforme o volume e número de episódios diarreicos”.
Diagnóstico
O especialista diz que o diagnóstico é feito pelo aumento do número de evacuações diárias e com os sintomas associados. Menelau explica que é preciso fazer exames de sangue, fezes ou outros exames para identificar qual a causa da diarreia.
Tratamento
Por fim, o tratamento vai depender da causa. Porém, deve-se sempre manter uma alimentação saudável, boa hidratação e medicamentos sempre prescritos por médicos explica Gustavo Menelau.
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